Se você trabalha com UX, produto ou inovação, já deve ter ouvido falar de Jobs To Be Done (JTBD). Mas será que essa abordagem realmente entrega o que promete? No Good Morning UX, tivemos o privilégio de bater um papo com ninguém menos que Jim Kalbach, autor do Jobs to Be Done Playbook, para entender se essa metodologia é tudo isso mesmo, ou se estamos só seguindo mais um hype. 😏
JTBD vs. Mapeamento de Experiência: qual é a real?
A conversa começou desmistificando a relação entre Jobs To Be Done e Mapeamento de Experiência. Segundo Kalbach, ambas as abordagens são human-centered, mas têm diferenças importantes:
✅ Mapeamento de Experiência foca na jornada do usuário dentro da interação com a empresa. Ajuda a entender como melhorar um produto ou serviço já existente.
✅ Jobs To Be Done, por outro lado, ignora completamente a solução atual e tenta entender o que leva as pessoas a adotar qualquer solução. Ou seja, enquanto o mapeamento de experiência te ajuda a otimizar algo, JTBD te ajuda a enxergar oportunidades que ninguém percebeu ainda.
E, claro, o papo não podia passar sem polêmica…
JTBD mata as Personas?
Um dos momentos mais interessantes da conversa foi quando discutimos o papel das personas no contexto do JTBD. Jim foi bem direto: ele não é contra personas, mas acredita que devemos inverter a lógica.
Ou seja, em vez de começar pelas personas e depois entender o que elas fazem, devemos primeiro entender o que as pessoas querem fazer (seus “jobs”) e só então analisar quais tipos de usuários compartilham esses objetivos.
Isso muda completamente a forma como trabalhamos com pesquisa e estratégia de produto!
O maior erro ao aplicar JTBD
Se tem uma coisa que JTBD promete, é clareza. Mas, segundo Kalbach, muitas empresas fazem o contrário: complicam o método ao invés de usá-lo para simplificar as decisões.
Ele destacou um erro clássico: empresas que tentam encaixar o JTBD dentro da estrutura de produto que já existe, em vez de usá-lo para descobrir o que o produto deveria ser de verdade.
O resultado? Um monte de suposição mal validada, desperdício de tempo e dinheiro e um produto que não resolve um problema real.
Então, JTBD funciona ou não?
Segundo Kalbach, sim, mas depende de como você usa. Ele reforçou que JTBD não é uma bala de prata, mas uma ferramenta poderosa para inovação, principalmente quando combinada com outros métodos.
A sacada é não ver JTBD como substituto, mas como complemento ao UX Research, mapeamento de experiência e estratégia de produto. Se aplicado corretamente, ele te ajuda a entender o que realmente move seus usuários — e isso pode fazer toda a diferença entre um produto mediano e um que realmente resolve problemas.