Decupagem e Design de Telas no UX

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Tenho estudado quadrinhos, voltado a desenhar e, como sempre, acabo cruzando isso com UX Design. Quanto mais eu estudo narrativa visual, mais percebo o quanto a organização da informação impacta a experiência de quem consome um conteúdo – seja ele um quadrinho ou um produto digital. Se uma HQ mal diagramada pode confundir o leitor, um app ou site sem uma boa estrutura visual pode afastar o usuário. E a técnica que resolve isso nos quadrinhos tem nome: decupagem.

Decupagem é a forma como os quadros são organizados em uma página para guiar o leitor de maneira fluida e intuitiva. O tamanho, o posicionamento e o ritmo das cenas são cuidadosamente planejados para criar impacto e emoção no momento certo. E isso se aplica diretamente ao UX. Quando projetamos um fluxo de telas ou uma interface, estamos, na prática, organizando informações e interações para conduzir o usuário da melhor maneira possível.

O ritmo da experiência importa

Nos quadrinhos, a decupagem define o ritmo da leitura. Quadros pequenos e dinâmicos criam tensão, enquanto quadros grandes trazem respiro. Se um personagem está correndo, os quadros podem ficar fragmentados, com cortes rápidos para passar a sensação de urgência. Se o momento é de contemplação, um quadro maior pode dar o espaço necessário para o leitor absorver a cena.

Agora pensa no UX: quando um produto tem telas poluídas, cheias de elementos competindo pela atenção do usuário, a experiência fica confusa e cansativa. Por outro lado, se a navegação for bem distribuída, permitindo pausas e transições naturais, o fluxo se torna mais confortável.

E se tem um mestre em ritmo visual, é Frank Miller. Tanto em Batman: Ano Um quanto na sua fase no Demolidor, ele alterna entre cenas rápidas e momentos mais contemplativos com precisão cirúrgica. Ele entende quando manter o leitor imerso na ação e quando deixá-lo respirar. Esse mesmo princípio deve ser aplicado no design de interfaces: quando fornecer informação direta e quando dar espaço para a exploração do usuário.

UX e o “timing” da informação

Um erro comum em produtos digitais é jogar informação demais de uma vez só, sem organizar o fluxo de maneira natural. Pense no onboarding de um app, por exemplo: se a experiência bombardeia o usuário com instruções logo no início, ele se sente perdido. Mas se o produto guia o usuário por etapas, revelando informações conforme necessário, a experiência se torna muito mais agradável.

Nos quadrinhos, isso também acontece. Se um balão de fala for posicionado no lugar errado, pode quebrar o ritmo da cena. Se um quadro for mal distribuído, pode confundir a ordem da leitura. No UX, esses problemas aparecem em layouts mal estruturados, hierarquias visuais confusas e fluxos de navegação sem lógica.

Se você quer um exemplo de como UX pode falhar nisso, olhe o Amazon Prime Video. A interface é um caos. Menus desorganizados, navegação truncada e informações espalhadas de forma desconexa fazem com que o usuário tenha dificuldade de encontrar o que procura. É como ler um quadrinho em que os quadros estão fora de ordem – você se perde e a experiência vira um teste de paciência.

Agora, se quer um bom exemplo, olhe para o Apple Music. A interface é limpa, organizada e permite uma navegação fluida. As informações são apresentadas no momento certo, sem sobrecarga. O mesmo vale para o Medium, que usa espaçamentos e hierarquias bem pensadas para garantir que a leitura seja agradável e intuitiva.

Conclusão: A Decupagem no UX

Seja nos quadrinhos ou no UX, a forma como organizamos elementos visuais define se a experiência será envolvente ou frustrante. Um produto digital bem projetado não é aquele que joga todas as informações na tela de uma vez, mas sim aquele que entende o ritmo da experiência e conduz o usuário de forma natural.

📖 2 quadrinhos que ensinam muito sobre design e ritmo:
✔️ Batman: Ano Um (Frank Miller) – Controle absoluto do tempo e da composição visual.

✔️ Akira (Katsuhiro Otomo) – Uso do layout da página para criar impacto e fluidez na leitura.

💡 1 produto que faz isso bem:
Apple Music – Organização visual limpa e navegação intuitiva.

1 produto que falha nisso:
🚫 Amazon Prime Video – Interface desorganizada e experiência frustrante.

Seja no papel ou no digital, a forma como estruturamos a experiência define o sucesso ou o fracasso da interação. E o seu produto, tem uma boa decupagem? Me conta aqui! 👇

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