Impacto Real: Atuando em Empresas que Não Pensam Primeiro no Usuário Com Katia Marques Amaro

Compartilhe
este artigo

Você já sentiu que trabalhar com UX às vezes parece um ato de resistência? Especialmente em empresas onde “centrado no usuário” é mais um post no LinkedIn do que uma prática no dia a dia?

Pois é, no episódio do Bom Dia UX dessa semana, a gente trouxe a Katia Marques Amaro, Design Manager em Portugal, pra um papo necessário (e um pouquinho dolorido) sobre o que realmente significa atuar em empresas que não têm o usuário como prioridade.

Spoiler: dá pra fazer a diferença sim, mas o caminho é longo, cheio de tropeços, e exige uma habilidade que muita gente subestima: saber vender o design dentro da própria empresa.

A romantização do Design vs. A realidade do mercado

Na conversa, a Katia trouxe uma reflexão que todo designer deveria ouvir pelo menos uma vez na vida:
“Será que a empresa não valoriza o design, ou será que a gente ainda não entendeu o que ela valoriza?”

E a resposta, na maioria das vezes, não é tão preto no branco. Empresas com foco em engenharia, indústria ou serviços tradicionais não respiram design e tudo bem. O erro é achar que o nosso papel é “converter” essas empresas em templos do design thinking. O verdadeiro desafio é mostrar como o design pode potencializar o que elas já fazem bem.

O caminho da Katia: criar relevância do zero

A Katia compartilhou como foi começar uma área de design do absoluto zero em uma consultoria de engenharia. Sem time, sem estrutura, sem cultura de design. Só ela, um aliado da gestão e uma missão: provar que design pode gerar valor de verdade.

E como ela fez isso?

  • Criou uma identidade para a equipe: nome, propósito, pilares e uma apresentação institucional mostrando o que o design pode entregar.
  • Fez o design aparecer: newsletters, apresentações, reuniões e, principalmente, ajudando em projetos estratégicos mesmo sem ser convidada oficialmente.
  • Mostrou números e resultados: sim, ela usou dados pra provar que design vende. Não só melhora tela, mas fecha contrato.
  • Escolheu bem as primeiras batalhas: em vez de querer resolver tudo, mirou em projetos estratégicos que ajudaram a ganhar tração interna.

Resultado? Em poucos anos, a empresa saiu de 0 para 5 designers e passou a ter o design como parte das propostas comerciais.

Processo importa, mas resultado importa mais

Um ponto importante que discutimos foi sobre como mostrar o valor do processo sem parecer que você está tentando forçar a empresa a virar uma escola de UX. Seu stakeholder não quer um show de post-it, ele quer resolver um problema. Então, em vez de ficar vendendo o processo, use o processo para justificar suas decisões.

Sabe aquele botão azul que o gerente de vendas odiou? Mostre o estudo, o dado, o teste que levou a essa escolha. Mas sem transformar a apresentação em uma aula que ninguém pediu. Como a própria Katia disse: “Fale o suficiente para mostrar que não tirou da sua cabeça, mas sem perder quem está do outro lado.”

A verdadeira influência começa na linguagem do negócio

Outra lição valiosa é que o design precisa aprender a falar a língua do negócio. Isso significa:

  • Entender o que a empresa realmente quer (vender mais? reduzir custos? melhorar a imagem?).
  • Adaptar sua proposta para mostrar como o design ajuda nesse objetivo.
  • Não cair na armadilha de achar que “colocar o usuário no centro” sempre significa criar um novo processo. Às vezes, o que você precisa é ajustar pequenas coisas que geram impacto rápido e visível.

Pra fechar: Design é sobre gente, e não só o usuário final

A Katia deixou um recado que resume bem a essência do papo:
“Você precisa ser aliado do time de vendas, do dev, da liderança. O projeto não é só seu. E, muitas vezes, facilitar a vida deles é tão importante quanto encantar o usuário lá na ponta.”

Se você quer continuar essa conversa e aprender mais com a Katia, segue ela lá no Unboxing Design e aproveita os conteúdos incríveis que ela está produzindo.

Ah, e claro, se você curtiu esse papo, compartilha com aquela pessoa que vive reclamando que “a empresa não valoriza design”. Quem sabe esse texto não ajuda a abrir uma nova perspectiva?

Leia também

Artigos relacionados