Esta frase, de Jim Johnson, diz muito sobre este guia de product discovery: “64% das funcionalidades que criamos em softwares raramente ou nunca são usadas pelos usuários”. É entendendo o processo de discovery que os esforços necessários, e pertinentes, entregarão resultados.
Saber o que é product discovery e como funciona, que engloba respeitar um período, flexível e contínuo, em que uma equipe de produto foca em descobrir o problema certo, é o caminho mais seguro para compreender o que realmente seus usuários querem com aquela ferramenta.
Por exemplo, quando você vai ao dentista com dor e, sem ao menos ter feito um exame, ele marca uma extração. Você vai desconfiar dos serviços deste profissional, ok?
Pois bem, é isso que o product discovery, orientado pelo Design, faz: examina os “pacientes” e entende quais são os problemas responsáveis por suas dores, antes de qualquer ação.
Guia sobre product discovery: ágil e efetivo
Se sua empresa tem um produto, ou deseja ter, sem dúvida vai precisar de uma visão em longo prazo de como o produto deverá ser e como devem enxergá-lo. E cá estamos com um guia sobre product discovery para tirar do papel!
Essa, que pode ser chamada de estratégia de produto, se alimenta do feedback do usuário ou dos objetivos das equipes, ou seja, os famosos OKRs.
Aqui, temos o papel da pessoa de produto, o product manager ou product owner, que deve se perguntar: qual problema exatamente precisa ser resolvido? Como podemos gerar o maior impacto? É nesse ponto que o processo de descoberta de produto começa a se encaixar.
“Os recursos de uma empresa não são infinitos. Mesmo assim, muitas vezes, só descobrimos que optamos por seguir uma hipótese errada, quando o novo produto ou funcionalidade é lançada”, enfatiza Burity.
Sempre há incerteza quando se trata de tomar decisões sobre produtos. São realizadas descobertas de alguns deles porque se quer reduzir os riscos em torno do que se decide construir.
Como aplicar o discovery para resolver problemas
Como diz o empreendedor e designer Scott Berkun, “grande parte do desafio da inovação é descobrir o problema que precisa de uma solução”. Portanto, descobrir esse problema é parte do processo interativo que busca reduzir a incerteza, garantindo assim que o produto construído seja o mais aderente à necessidade do público certo.
“O product discovery permite que os times de produto ganhem confiança no que estão entregando, além de ser base para uma fase de implementação e lançamento bem-sucedida. Ou seja, alcancemos o product market-fit”, explica o professor.
Mais uma frase que embasa essa afirmação: “product discovery é um processo para definir um produto valioso, útil e viável”. Resumindo, Marty Cagan quer explicar que a melhor maneira de colocar o método em prática é entendendo se existe um problema para seus usuários, clientes ou stakeholders, concentrando a execução em uma solução correspondente a essa dor.
Existem alguns modelos que tratam deste processo de descoberta, mas, na essência, um time que decide explorar o product discovery precisa focar na fase que chamamos de “Problem Space”. Sim, existe o que chamamos de “Solution Space” que pode parecer mais longo e trabalhoso, mas não deve ser onde investimos o maior esforço do produto.
Paul Adams, vice-presidente de produtos da Intercom, diz que 40% de suas 100 unidades são gastas, antes mesmo de começarem a projetar qualquer coisa, pois ficam obcecados com a priorização e a definição de problemas. O executivo bate nessa tecla, perguntando ao time se realmente entende profundamente do problema que estão tentando solucionar.
Product discovery: passo a passo
Este guia de product discovery passa pelas principais fases deste processo, mas, como falamos alguns parágrafos acima, podemos dividir em duas grandes fases: “Problem Space” e “Solution Space”.
Essencialmente, estas duas fases são compostas do entendimento do negócio e cliente, com a materialização de soluções que devem ser testadas com o usuário e/ou cliente.
Fase 1: Alinhamento
Este é o momento em que precisamos deixar clara a visão e expectativa de todos os níveis da empresa. Qual o resultado esperado? O que a liderança da empresa espera?
Portanto, a clareza sobre o discovery é essencial. É nessa fase que é construída a visão estratégica do produto, onde o alinhamento é fundamental para gerar confiança e autonomia no time. Não significa que todos vão concordar, mas que vão se comprometer.
Fase 2: Pesquisa
Sem dúvida, este é o momento que requer mais investimento de tempo e esforço. Aqui devemos focar em descobrir se existe um problema real para o usuário, mapeando quais oportunidades temos em mãos.
Aqui devemos combinar técnicas, boas delas de UX Research, e ferramentas. Buscar a coleta de informações, analisar dados qualitativos e quantitativos vai enriquecer o projeto e aumentar a chance de tomar decisões mais efetivas. Precisamos ter atenção ao fato de que, muitas vezes, o que o usuário diz não é o que ele faz.
Este é o momento que devemos conectar o que descobrimos de visão do negócio com as necessidades do usuário, para nortear os próximos passos de materialização de ideias.
Fase 3: Ideação
Agora que sabemos o que o negócio precisa e o que vai atrair a atenção do usuário, precisamos fazer o time trabalhar fora da zona de conforto, para poder gerar ideias, sem a preocupação de estarem certas.
O debate é fundamental e é preciso fugir do consenso social. Existem diversas ferramentas para impulsionar o processo criativo no UX, mas, o importante é que a priorização do que deve ser prototipado seja votado democraticamente.
Fase 4: Prototipação e validação
Ideias sem aplicação não tem valor. É o momento de executar as ideias, aderentes ao negócio e ao usuário, geradas e priorizadas. Mas por que fazemos isso?
Porque precisamos descobrir qual é a percepção do usuário. Essa fase se assemelha à segunda fase de pesquisa, pois se volta a falar diretamente com o usuário, com atenção as suas opiniões e reais usos do que foi construído até o momento.
“Como é preciso rapidez, tenha em mente que a simplicidade é o foco. Porém, sem esquecer que o protótipo precisa se aproximar do real. Caso contrário, o feedback pode ser enviesado”, ressalta Burity.
Fase 5: Refinamento
Com tudo em mãos, chegou a hora tão esperada pela liderança e líder de produto: transformar as ambições em resultados.
Porém, mesmo com tudo o que foi feito, o que se tem são ideais que ainda precisam fazer a transição para a entrega final do produto.
Será preciso partir para a definição do MVP (Minimum Viable Product) e colocar em formato de roadmap a visão geral de entregas que materializa a visão do produto, construída na primeira fase.
“Concluindo, a utilização dessa metodologia, o product discovery, constrói um ambiente de aprendizado contínuo, que beneficia equipes e usuários, além de aumentar a transparência de todo o processo de gerenciamento de produtos. Um envolvimento diversificado de partes interessadas que precisa ser contínuo e iterativo”, finaliza nosso professor.